10.7.05

Post futebolistico apaixonado...

Bom, em 93 estava no Morumbi, com toda a minha família, tinha 12 anos. Todos estávamos confiantes, iriamos ganhar e pronto, nada tirava isso de nossa cabeça. Afinal, tinhamos eliminado o Palmeiras/Parmalat, atual campeão brasileiro, o Union Española, time que já tinha sido vice campeão da libertadores, em um jogo dramático no Morumbi , 4 a 3 para nós, se não me falha a memória, eliminamos o paraguaio Olímpia, adversário com tradição de chegada na libertadores, e na final pegariamos um tal de Velez Sarsfield, que a imprensa nacional chamava de Guarani da Argentina, na época.E houve o primeiro jogo na Argentina, perdemos, com um gol do "El Turco" Asad. Mas ainda assim, estavamos todos confiantes, tanto que no Morumbi tinha mais de 100 mil pessoas, torcendo, vibrando, esperando o título, que todos tinhamos certeza que viria.Quando o Muller fez o gol de penalti, a ceteza aumentou, mas acabou não se concretizando, em parte por culpa de nosso time, em parte por culpa da arbitragem, que não punia a "cera" do goleiro do Velez, o fanfarrão paraguaio Chilavert, que demorava 1 minuto para bater um tiro de meta, e em parte por culpa do técnico que viria a ser um dos melhores da américa do sul, Carlos Bianchi.

Quando acabou o jogo e o Palhinha perdeu o penalti, voltei para casa triste, não dormi, falava para o meu pai (sãopaulino fanático, que doou dinheiro para a construção do Morumbi, assim como os pais de muitos) "ano que vem a gente ganha deles". Lembro que não dormi naquela noite. Acordei, vi na capa dos cadernos de Esportes, escrito "O SONHO ACABOU!!". Eu pensava "não acabou, ano que vem a gente volta e ganha". E passaram-se 11 "anos que vem", "anos que vem" tristes, vendo rivais ganhando títulos, vendo nossas diretorias agindo de maneira equivocada, brigando por poder político e esquecendo dessa massa de milhões de pessoas que nunca tiraram o sonho da cabeça.Em 2004, voltamos do inferno, voltamos ao lugar de onde nunca deveriamos ter saído, voltamos à elite do futebol sul-americano. Voltamos à libertadores da américa. O sonho tinha acordado. Após a dramática disputa de penaltis contra o Rosario Central, após o tranquilo jogo contra o Tachira, chegou o Once Caldas, que mais uma vez a imprensa chamava de Guarani da Colombia, e veio uma sensação de Deja Vu. Após um jogo feio no Brasil, mais uma vez a certeza da final estava próxima, estávamos todos confiantes, pois eramos muito superiores tecnicamente. E começamos atrás, com uma falha do nosso capitão Rogério Ceni, que é humano e está sujeito a erros. Depois, logo depois, Danilo, o tão criticado Danilo, empatou e deixou o sonho vivo. Até que, no fim do jogo, o juiz arrancou o sonho da massa tricolor, quando o jogador do Once Caldas, impedido e posteriormente pego no anti-doping, marcou o gol que mais uma vez adiou nosso sonho para o "ano que vem".

Dessa vez, eliminamos novamente o Palmeiras, eliminamos o mexicano Tigres com uma partida sensacional jogada no templo brasileiro da libertadores, o Morumbi, eliminamos o River Plate jogando de modo eficiente, em jogos que se não foram um primor de técnica, foram jogados com coração de campeão. E depois jogamos com o Atlético - PR, num primeiro jogo truncado, feio até. Mas novamente jogamos com raça, com coração de campeão, e contamos com sorte de campeão também.Faltam só 90 (ou 120, ou alguns penaltis) minutos para o sonho virar realidade, para a masssa tricolor soltar esse grito sufocado por decepções com diretoria, más partidas e juizes. Faltam só 90 minutos para transformar o sonho (que nunca morreu, apesar da imprensa dizer o contrário) em realidade, para gritar tri-campeão. Faltam só 90 minutos para eu mostrar para o meu pai e para os outros sãopaulinos que não acreditavam que isso pudesse se repetir após a época Telê que eles estavam errados. Faltam só 90 minutos para transformar um "ano que vem" em um "ano que veio".Faltam 90 minutos para provar para a imprensa corinthiana e para parte de nossos torcedores que não acreditavam nesse time, que não acreditavam em alguns dos nossos jogadores (Danilo e Souza, principalmente), verdadeiros guerreiros, que foram maltratados pela nossa torcida, mas que nas horas de necessidade, lutaram, decidiram e mantiveram o sonho acordado.

Força tricolor, subestimado que foi o coração de campeão desse time, tanto por nós, torcedores, quanto por treinadores e dirigentes que por lá passaram. Faça nossos sonhos tornarem-se reais, só isso que nós, torcedores, pedimos...

Não é pedir demais, agora que falta tão pouco...